Mercado

O ano dos ovos de ouro: gripe aviária e calor elevam preços

Incertezas sobre a doença nos Estados Unidos e o calor excessivo no Brasil pressionam o setor avícola, avalia presidente da Aves

A explicação para a disparada de preços é porque, com menos ovos disponíveis no mercado e um aumento na compra, os preços sobem naturalmente
Foto: Freepik/divulgação

Os ovos estão mais caros na mesa dos brasileiros. Nos últimos meses, o preço do alimento básico tem apresentado alta expressiva, impactando o bolso dos consumidores. No final de fevereiro, em Santa Maria de Jetibá, o preço médio diário da caixa de ovos brancos chegou a R$ 236,21, e o dos ovos vermelhos a R$ 276,54, ambos recordes reais da série histórica do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

As altas temperaturas registradas em todo o país têm afetado diretamente a produção de ovos. O calor excessivo impacta negativamente a produtividade das aves, resultando em menor oferta e, consequentemente, aumento dos custos de produção, segundo o diretor executivo da Associação dos Avicultores do Estado do Espírito (Aves), Nélio Hand.

“Os preços altos das demais proteínas também tem feito com que o consumidor migre para o consumo de ovos, já que o produto tem preços mais acessíveis. E temos que considerar que o ovo tem aumentado seu protagonismo como fonte de proteína básica. O consumo per capita do produto saltou de 242 unidades em 2023 para 269 unidades em 2024”, explicou.

Durante o período da Quaresma, a tendência é de que os preços se mantenham nos patamares atuais, devido à demanda aquecida e à oferta ainda limitada. “No Espírito Santo, a produção de ovos em 2024 atingiu a marca de 5,2 bilhões de unidades, um aumento de 15% em relação a 2023. Apesar do crescimento, a produção ainda está em processo de recuperação no Estado após a crise de custos que afetou o setor em 2021 e 2022. Se compararmos a produção de 2024 com a de 2020, por exemplo, ela ficou 8% menor”.

Gripe aviária

No Brasil, durante o ano de 2024, foram realizadas 319 coletas de amostras. Do total, 15 foram positivas para influenza aviária. Em 2025, até o momento de fechamento da reportagem, foram 12 coletas de amostras e nenhum caso positivo.

“Quando falamos de dados do Espírito Santo, em 2024, foram 25 coletas de amostras e cinco casos positivos. Em 2025, ocorreu uma coleta de amostras e o resultado foi negativo”, explicou Hand.

Se a situação no Brasil está sob controle, os Estados Unidos têm um cenário diferente. Desde de outubro de 2024, foram registrados mais de mil focos, com sacrifício de milhões de aves, o que inclusive tem causado desabastecimento de ovos no país. A Argentina confirmou recentemente um foco em aves de subsistência.

“Por isso, o Brasil continua em alerta, reforçando as medidas de biosseguridade, preocupado principalmente com a migração das aves silvestres”, conclui.

Sobre o autor Fernanda Zandonadi Desde 2001, Fernanda Zandonadi atua como jornalista, destacando-se pelo alto profissionalismo e pela excelência na escrita de suas reportagens especiais. Tem um conhecimento aprofundado em agronegócio, cooperativismo e economia, com a habilidade de traduzir temas complexos em textos de grande impacto e relevância. Seu rigor e qualidade na apuração e narração de histórias do setor garantiram que seu trabalho fosse constantemente reconhecido pela crítica especializada, o que a levou a conquistar múltiplas distinções e reconhecimentos em premiações regionais e nacionais de jornalismo. Ver mais conteúdos