Executivo vai criar Secretaria de Recuperação do Rio Doce

Pasta será responsável por cumprir as obrigações do Estado no acordo de reparação relativo ao rompimento da barragem de Fundão, segundo projeto que está em análise na Ales

Rio Doce
Rio Doce foi impactado pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015 / Foto: Leonardo Merçon/ Instituto Últimos Refúgios

A Assembleia Legislativa (Ales) recebeu o Projeto de Lei Complementar (PLC) 49/2024, de autoria do Executivo, que cria uma nova secretaria na estrutura de governo. A Secretaria de Estado de Recuperação do Rio Doce (Serd) vai atuar para dar mais agilidade e transparência nos processos relacionados ao rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em novembro de 2015. O PLC 49/2024 será lido na sessão ordinária desta segunda-feira (16), às 10 horas.

A Serd, órgão de primeiro escalão hierárquico, vai trabalhar para executar, orientar, monitorar e fiscalizar ações ligadas à reparação de danos socioambientais e socioeconômicos com foco no cumprimento das obrigações assumidas pelo Estado no Acordo Judicial de Reparação Integral e Definitiva Relativa ao Rompimento da Barragem de Fundão. Esse acordo foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Na justificativa da matéria, o governo defende que é necessário um esforço mais concentrado nas ações relacionadas ao Rio Doce. “É importante que se dê maior agilidade na execução e transparência aos atos, visto que diferentes órgãos de controle deverão monitorar o avanço dessas ações. Além disto, a saturação de serviços em muitos órgãos não permitirá um esforço mais concentrado sem que haja uma direção focada no cumprimento do Acordo, buscando planejar, acompanhar, delegar, dar transparência e resposta para a sociedade sempre que o Estado for demandado”.

Estrutura organizacional

A estrutura organizacional do novo órgão será composta por três subsecretarias: (1) de Ações Socioambientais, Saneamento e Infraestrutura; (2) de Ações Socioeconômicas e Participação Social; e (3) de Gestão Administrativa. A Serd também terá seis gerências, entre elas, uma específica para a retomada econômica da região atingida. A proposta enviada pelo Executivo cria o quantitativo de 45 servidores comissionados e três funções gratificadas pertencentes à Serd.

O impacto financeiro anual previsto é de R$ 4,7 milhões. “Ainda que haja impacto financeiro na criação de cargos comissionados e funções gratificadas, bem como de um conjunto de gastos necessários para o funcionamento de qualquer unidade administrativa, esse percentual deverá girar em torno de 2% de todo o recurso a receber (referente ao acordo judicial)”, explica o governo na justificativa da matéria.

Emendas 

O PLC 49/2024 recebeu duas emendas aditivas de autoria da deputada Iriny Lopes (PT). Uma das emendas cria o Comitê Estadual de Articulação da Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens (PNAB). A outra emenda insere nas competências da Subsecretaria de Estado de Ações Socioeconômicas e Participação Social a coordenação desse colegiado.

A finalidade do comitê, segundo as emendas, é a de aconselhamento e acompanhamento dos projetos desenvolvidos pela Serd. O colegiado terá caráter deliberativo, consultivo e fiscalizador e seus membros não serão remunerados.

“A modificação visa conferir ao Comitê Estadual de Articulação da PNAB uma estrutura mais robusta e eficaz para garantir a proteção dos direitos das populações atingidas por barragens. Ao vinculá-lo à Serd e atribuir caráter deliberativo, consultivo e fiscalizador, ampliamos sua capacidade de ação, assegurando que as decisões e recomendações tenham impacto direto na implementação das políticas públicas e no acompanhamento das medidas de reparação previstas no acordo judicial”, explica a autora das emendas.

Entenda

O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), ocorreu em 5 de novembro de 2015, quando aproximadamente 39,2 milhões m³ de rejeitos de minério atingiram o rio Gualaxo do Norte, desaguando no Rio Doce. A contaminação passou por 670 quilômetros, impactando diretamente 39 municípios mineiros e capixabas.

Ao longo do tempo, várias ações pontuais foram feitas buscando a reparação de danos ambientais, sociais e econômicos. A última e definitiva foi a assinatura de um acordo homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo explica o Executivo, o acordo vai permitir que o Espírito Santo receba diretamente R$ 14,8 bilhões por um período de 20 anos, além de R$ 2,3 bilhões para serem repassados ao Governo Federal na obra de duplicação e melhorias da BR-262.

“O Acordo também delega ao Estado uma série de ações a serem executadas, como nas áreas de pesca, infraestrutura, reparação ambiental, saúde, saneamento e recuperação econômica, inclusive com pequeno percentual destinado a diferentes regiões do Espírito Santo, além da própria Bacia do Rio Doce. Assim, serão adicionados, em média, mais de R$ 740 milhões em recursos”, explica o Executivo, reforçando que a nova secretaria será responsável pela gestão dessa área de atuação.

Acompanhe a tramitação do PLC 49/2024