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Mercado
Mesmo com menor demanda, baixa oferta garante estabilidade nos preços do mamão

Nos dias que antecederam o isolamento social houve um grande volume de vendas de vários feijões, entre outros alimentos básicos. Tradicional no prato do brasileiro, o grão subiu cerca de 70% no mercado interno nos últimos 30 dias.
Naquele momento, as dificuldades momentâneas de transporte, por exemplo, pressionaram os preços. Algo natural no capitalismo, a oferta e a demanda naturalmente pressionaram os preços, segundo informa o Boletim “Só Feijão ” do Instituto Brasileiro do Feijão e dos Pulses (Ibrafe) publicado hoje.
O mesmo estudo aponta que as safras colhidas de feijão-carioca desde janeiro e que seguem até junho devem somar cerca de 940 mil toneladas, quando em 2015 foram de 1.224.000 toneladas.
Por esta razão, já em novembro de 2019 o Ibrafe afirma ter alertado que a oferta seria menor entre fevereiro e maio deste ano, principalmente do feijão-carioca, pois muito disso se deve a menor área plantada- 30% menor neste início de ano.
Assim, a expectativa de produção entre janeiro e junho de 2020 será 39% a menos de feijão-carioca, se comparado com 2015, por exemplo. Vale lembrar que o feijão-carioca detém 60% aproximadamente do consumo nacional.

Entre janeiro e fevereiro, as lavouras semeadas desde novembro e que estavam no campo em Minas Gerais, em Goiás e em São Paulo sofreram perdas importantes em uma região que é responsável por 25% da produção desta primeira safra e da segunda safra, que perdeu qualidade e quantidade.
Na Região Sul, onde estavam entre janeiro e março 27% da produção de feijões no primeiro quadrimestre, aconteceu forte estiagem, causando quebra acima de 30% da expectativa que havia no momento do plantio.
Feijão comum-preto
De acordo com Análise Mensal da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no momento, o volume ofertado atende plenamente à fraca demanda e os produtores continuam retendo e escalonando as vendas, com o objetivo de melhor remuneração para o seu produto.
Contudo, em vista da pouca quantidade disponível e dos elevados valores praticados para o grupo carioca, a expectativa é de um mercado mais firme, focado na quantidade e na qualidade da mercadoria que vem sendo ofertada, e no clima no Sul do país.
A 2ª safra está concluída e a temporada dessa variedade se encerra nesse segundo plantio. O país passará a depender de importações majoritariamente da Argentina, que concluiu o seu plantio no mês de março. Do volume a ser produzido naquele país, cerca de 70% da produção de feijão comum preto são destinados ao Brasil.
O câmbio em alta limitou algumas negociações com os produtos importados, o que acabou beneficiando, de certa forma, os produtores brasileiros na concorrência do produto.

Varejo
As redes de comercialização operam com diversas marcas e padrões de mercadorias. Nota-se que quando o pacote de um quilo ultrapassa o valor de R$ 5,00, as vendas travam dificultando o tempo para a devida reposição.
Ainda segundo a análise do Conab, pelo visto, ao longo deste mês de abril, o mercado deverá operar com entrada de pequenos lotes, tendo em vista que no referido período apenas no estado do Paraná ocorrem colheitas.
O Espírito Santo não está entre os grandes produtores nacionais, mas sofreu proporcionalmente as mesmas perdas com as fortes chuvas do primeiro trimestre, o que acarretou na baixa oferta do produto justamente no auge da safra.
“Quem tinha estoque de feijão conseguiu fazer preço em conta.Já o agricultor esperto com a situação da alta procura e pouca oferta inflacionou o valor da saca ”, afirma André Meneguetti, sócio da Imigrante Comércio de Produtos Alimentícios, de Venda Nova do Imigrante, na região serrana capixaba.
No mercado desde 2007, a empresa conecta 40 agricultores familiares de Norte a Sul do Espírito Santo e valoriza o alimento que vem da roça e a forma artesanal com que são produzidos. O principal diferencial é a cata à mão na lavoura e no pós-colheita.Segundo o comprador, em algumas áreas produtoras, um feijão de roça de qualidade superior chegou a R$ 400.

Com a pandemia da Covid-19, a venda dos “Produtos da Montanha ”, marca varejista da ‘Imigrante’, registrou um aumento recorde de 30%. Para Meneguetti, a corrida às prateleiras em março e o menor consumo do feijão fora de casa contribuíram para os negócios, sem contar que o produto não é perecível e dura até seis meses na despensa.
“Vamos observar como será daqui para frente como o mercado vai se firmar. O isolamento social continua, os restaurantes devem abrir novamente. A perspectiva é de que daqui a um mês haverá feijão de novo. A grande safra, conhecida como “feijão do tempo ”, vai começar em maio no Espírito Santo, Minas e Paraná, e haverá queda no preço ”, avalia o comprador.
Irmão e sócio de André, Hermano Meneguetti acredita que o aumento da demanda por feijão se deve também à contribuição do governo com distribuição de cestas básicas às famílias de baixa renda.





