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O Greening, ou “doença do dragão amarelo ”, foi relatado pela primeira vez no Brasil em 2004, em Araraquara, São Paulo. A partir daí, a doença atingiu também os estados de Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso do Sul. No Espírito Santo ainda não houve casos de infestações, porém, com a presença de pomares doentes nas Matas de Minas Gerais, a citricultura capixaba corre sérios riscos.
Causado por uma bactéria que afeta plantas de citros e acaba com a produtividade, o Greening leva pomares à morte. Por não ter cura, o pé contaminado será portador da bactéria que, por meio de um psilídeo presente no país inteiro, será transmitida para outras plantas até que a plantação inteira esteja contaminada.
Buscando frear o alastramento e prevenir a entrada da bactéria causadora nas fronteiras do Estado e atingir as lavouras capixabas, o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) divulgou, em setembro de 2019, uma nota técnica declarando o estado de alerta para a entrada e circulação de mudas de citros.
A nota informa ainda que estão sendo intensificadas a fiscalização de cargas e o controle de documentos de Permissão de Trânsito de Vegetais (PTV). O engenheiro agrônomo e gerente da Defesa Sanitária e Inspeção Vegetal do Idaf, Daniel Abreu, ressalta a importância desse documento para fiscalização.
“No Espírito Santo, o Idaf é responsável por emitir essa PTV, que é baseada em um certificado fitossanitário de origem. Esse é o documento que garante a sanidade da planta e que ela veio de um local isento de doenças. Então é fundamental que todo produtor ou mercadista exija o PTV ”, afirma Abreu.
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Atualmente, o órgão conta com quatro postos de fiscalização localizados nas divisas com o Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. Além da fiscalização, é importante também o agricultor integrar ações conscientes para que o Estado fique livre da doença.
Greening
O Greening foi relatado pela primeira vez na China há mais de 100 anos. Atualmente está disseminado por praticamente todas os continentes, exceto Oceania e Europa. A bactéria Candidatus Liberibacter, causadora da doença, afeta apenas plantas de citros e algumas espécies próximas como a murta.
Uma vez infectada, a planta doente estará contaminada para o resto da vida e será transmissora da bactéria. Logo, a melhor alternativa é a prevenção e o manejo dos pomares, evitando o alastramento da doença.
“O psilídeo vai se alimentar da seiva de uma planta de citros que tem a bactéria. Ao se alimentar ele vai ingerir a bactéria junto e vai se contaminar. Se ele voar para se alimentar em uma outra planta sadia, vai transmitir a bactéria durante a alimentação, então ele adquire a bactéria em uma planta e passa para várias outras ”, alerta Eduardo Girardi, pesquisador da Embrapa.

Quando existem sintomas nas extremidades dos galhos, é sinal de que a doença já está alojada em vários pontos da planta, inclusive nos troncos e nas raízes. Por esse motivo, a poda é inútil e perigosa, pois além de não curar a planta, proporcionará a formação de novos brotos, que estarão contaminados com a doença e servirão como fontes de novas infecções.
A planta contaminada chega a apresentar uma redução de mais de 80% de sua produção. Os frutos, miúdos, prematuros e amargosapresentam deformidades e anomalias, com um dos lados muito maior que o outro e com sementes abortadas, pretas ou marrons. O Greening afeta a qualidade e a produção.
A doença não mata a planta rapidamente. Esse processo varia de acordo com a maturidade do vegetal e a fase em que foi exposta a bactéria. Árvores mais antigas e maiores têm mais reservas e, assim, conseguem sobreviver por mais tempo, porém uma coisa é certa. Todas elas acabarão morrendo.

Prevenção
Para evitar o Greening, o melhor caminho é prevenir a chegada da bactéria nos pomares por meio de manejos e medidas protetivas rigorosas. O pesquisador da Embrapa Eduardo Girardi alerta que o combate mais eficaz da doença é investir na prevenção. Ele explica que a primeira medida protetiva é por meio do uso de mudas sadias produzidas em viveiros telados que evitam a entrada do psilídeo e, consequentemente, a contaminação pela bactéria. A segunda é feita com controle e inspeção de plantas que apresentem sintomas da doença por meio de exames laboratoriais.
“Uma vez que a planta é confirmada doente, ela precisa ser erradicada o quanto antes. E por quê? Porque ela não tem cura. Então, se você mantiver a planta no pomar, ela só vai decair e perder produção com o tempo, além de servir de fonte de contaminação para as outras árvores próximas ”, esclarece Girardi.
A terceira medida e talvez a mais importante é o controle do inseto vetor. Girardi afirma que o mais eficaz é realmente evitar que o inseto alcance as plantas de citros e transmita a bactéria.

Alternativas ecológicas
Atualmente existem alternativas de menor impacto ambiental, que também podem ser utilizadas nos pomares. Como exemplo, os inseticidas biológicos à base de um fungo chamado Ezariae inseticidas químicos do tipo sistêmico, que são aplicados na água próximo do tronco da planta para que ela absorva pelo sistema radicular.
O engenheiro agrônomo do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), Guilherme Rodriguez, acrescenta que uma outra forma de controle do inseto vetor é por meio do controle biológico, utilizando inimigos naturais.
“Hoje existe uma vespinha, um parasitóide, que o Fundecitrus cria e é liberada na área principalmente de quintais ou pomares abandonados, onde eles vão fazer a eliminação da fase jovem do psilídeo. Então essas vespinhas são responsáveis por eliminar as ninfas de psilídeo ”, esclarece Rodriguez.
Porém, de nada adiantará se o vizinho não tiver os mesmos cuidados, pois o inseto vetor contaminado pode ser carregado com o vento, contaminando plantações distantes.

Citricultura capixaba
Embora o Espírito Santo não seja o maior produtor de citros do Brasil, o Estado tem condições climáticas e solo bastante adequados para a citricultura, desde as regiões mais quentes do litoralaté as regiões mais frias, contemplando os diferentes tipos de citros.
De acordo com dados mais recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018 o Espírito Santo possuía aproximadamente, de 21 mil toneladas de tangerinas e mexericas, 17 mil toneladas de laranjas e 14 mil toneladas de limas ácidas e limões, que foram colhidas em cerca de 24 mil propriedades rurais e responsáveis por abrir portas de trabalho para mais de 3 mil pessoas, direta ou indiretamente.
Pesquisa
O engenheiro agrônomo do Fundecitrus acrescenta ainda que, paralelamente, organizações e órgãos estão se unindo para desenvolver estudos e pesquisas na busca da diminuição dos riscos e os prejuízos, não só contra o Greening, mas também contra outras possíveis doenças que afetam a citricultura.
O pesquisador da Embrapa Eduardo Girardi evidencia a importância da Unidade Mista de Pesquisa e Transferência de Tecnologia (Umiptt) cinturão citrícola. Criada pela Embrapa, Fundecitrus e pela Fundação de Pesquisas Agroindustriais de Bebedouro (Fupab), a Unidade Mista de Pesquisa fica sediada nos municípios de Araraquara e Bebedouro, região citrícola do Estado de São Paulo. A Unidade foi projetada para atuar com ênfase no manejo do Greening. Entre suas atribuições está a de desenvolver soluções sustentáveis e tecnológicas para os desafios da produção citrícola nacional, contribuindo para a sua competitividade. Ela também promove capacitações de técnicos, agricultores e estudantes.
Estudos e pesquisas como essas são extremamente importantes, não só para o combate às pragas, mas também para o desenvolvimento e melhoramento do próprio setor.




