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Grupo busca reconhecimento com produção recorde de mel

Associação de apenas dez produtores em alto rio novo, no noroeste capixaba, comemora produção de dez toneladas em 2016 e quer se destacar no cenário estadual com organização e qualidade

por Redação Conexão Safra

em 22/06/2017 às 0h00

10 min de leitura

Grupo busca reconhecimento com produção recorde de mel

Se 2016 foi um ano difícil para o agronegócio capixaba com o agravamento das crises hídricas e econômica, dez agricultores de Alto Rio Novo, no noroeste do Estado, conseguiram uma proeza na apicultura regional. Membros da Associação Alto-Rionovense de Apicultores (Aracame), juntos eles faturaram R$ 100 mil com a venda à granel de dez toneladas de mel, negócio pra lá de lucrativo nesse setor para um grupo considerado de pequeno porte.


A entidade foi fundada em 2005 para fortalecer a apicultura como renda complementar na roça. Inicialmente, os agricultores extraíam abelhas de tocos de árvores e cupinzeiros e uma das metas dos primeiros associados era instalar a estrutura mínima de dez colmeias no quintal. Nos primeiros anos em atividade, a produção média anual da associação era de 1,5 tonelada de mel.


Já nos anos seguintes, a produção foi aumentando, e a meta de dobrar a cada ano foi sendo superada a partir de 2011, principalmente por causa da melhora do preço do produto no mercado- atualmente em torno de R$ 10,00 o litro- e das parcerias com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/ ES) e Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). Atualmente, a Aracame conta com a Casa do Mel (saiba mais a seguir), entreposto para extração coletiva do produto e busca aumentar a produção e o número de associados. Para 2017, a expectativa é de produzir 15 toneladas.


O técnico do escritório do Incaper local, Tiago dos Santos, destaca que a última venda do mel ato-rionovense coloca o município, com cerca de 8.000 habitantes, em destaque na apicultura estadual. “A diferença está na quantidade de associados, uma vez que existem associações em outros municípios com até o triplo de membros. Por isso, acreditamos estar, proporcionalmente, mais avançados na produção de mel ”, avalia Tiago.


Qualidade


Hoje, além da quantidade de mel, os produtores pioneiros estão focados na qualidade das colmeias. É o caso do pioneiro Wilson Luciano Mont’mor, de 45 anos, atual vice-presidente da associação. Junto com um sócio, ele mantém 29 colmeias em Córrego Cabeceira do Rio Novo, popular “Córrego São Pedro ”, a 10 km da sede de Alto Rio Novo e na divisa com o município mineiro de Cuparaque.


A inovação proposta pelo descendente de alemães é a troca anual de abelhas rainhas. Segundo Wilson, os insetos são fecundados por um produtor de Minas Gerais. O retorno nesse tipo de investimento é a renovação da colmeia. “A troca das rainhas promove o melhoramento genético e a renovação do enxame. As rainhas novas são mais produtivas. No seu auge, colocam até 2.000 ovos ”, explica o apicultor.


O ano safra das abelhas, iniciado entre dezembro e janeiro, se estende até maio, dependendo do clima. Para quem quer ingressar nesse segmento, Mont’mor enumera as vantagens. “Abelha é investimento de baixo custo, não requer tanta estrutura. O segredo são bons equipamentos e manejo ”.


O produtor dedica o contraturno das escalas de trabalho como policial militar à atividade. A partir deste ano, a produção de 45 a 50 quilos por colmeia vai aumentar com a instalação de mais 40 abelheiros na propriedade. “Minhas expectativas para este ano estão melhores que no ano passado. Nós poderemos chegar a quatro toneladas se o clima ajudar ”, prevê Wilson.


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O apicultor avalia que a Aracame trouxe mercado para o produto local, além de acesso a capacitações para os membros da entidade, uma das filiadas da Federação Capixaba de Apicultores (Fecapis). “Por meio dessa rede, o Estado fica representado em congressos da área em todo o Brasil. Não ficamos isolados. A venda de dez toneladas de mel em 2016 é a tradução do nosso trabalho. ”


Renda extra com mel


Um dos primeiros associados da Aracame, o funcionário público Henrique José Maforte (33), do Córrego Água Limpa, fez da pouca experiência inicial um negócio lucrativo, que demanda apenas um dia por semana de dedicação e gera renda extra ao final do mês. O gosto por abelhas se estendeu para toda a família: elas foram o tema da festa de um aninho da filha Alice, no ano passado.


Há seis anos, Maforte conta que quase desistiu da apicultura pelo investimento em material inferior e pelas oscilações de clima na região. “Por causa das secas e das chuvas fortes, perdi muitos enxames. Muitos detalhes interferem na rotina das colmeias ”, avalia o apicultor.


Para ele, com o fortalecimento da associação e a união do grupo, os apicultores tiveram um progresso visível. “Antes deixávamos os enxames a Deus dará, éramos apicultores ursos: só buscávamos o mel. Hoje evoluiu muito na área de divisão de enxames, troca de rainha e existe demanda comercial para a cera alveolada. A associação trouxe mais organização e possibilidade de negócio, de lucro ”, ressalta Maforte.


O recrutamento de novos sócios ainda é um dos desafios da atual diretoria para manter a associação ativa e mais competitiva. O primeiro presidente e associado Eloir Amaral de Faria avalia que o interesse de outros apicultores em associar-se é sinal da evolução da entidade. “Nossa intenção era chegarmos a esse ponto e melhorar cada vez mais. Acredito que o negócio está dando certo ”, diz.


Casa do Mel


E parte desse sucesso teve a contribuição do pai de Eloir, Adejute Antônio de Faria, que apostou na apicultura e cedeu o terreno em regime de comodato para a construção do entreposto para a extração do mel, conhecida por “Casa do Mel ”. Distante 3 km do centro, no Córrego Água Limpa, o local funciona como sede da
Aracame e foi construído na base do mutirão.


Com recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), a associação está se equipando e finalizando a construção de um galpão para estocar mel, de olho na expansão do mercado para o produto alto-rio-novense. A obra segue rigorosamente todos os padrões sanitários exigidos. Para dar suporte aos trabalhos, mais recentemente o governo do Estado doou um Fiat Strada.


De acordo com Tiago dos Santos (Incaper), a “Casa do Mel ” é a primeira do norte capixaba com estrutura para extração e envasamento de mel. A entidade conta com o Selo de Inspeção Federal (SIF) para comercializar o mel com compradores de todo o Brasil.


A diversidade de floração na região resulta em um mel mais claro, com sabor frutado e que não cristaliza com facilidade, garantem os apicultores. Soma- -se a isso a garantia de 100% de pureza do produto que sai do entreposto. “Esse é o nosso diferencial. Trabalhamos com muito critério para isso ”, aponta Eloir.


Produção de mel diversifica em Marechal Floriano


A apicultura tem se tornado a principal atividade de famílias do município de Marechal Floriano, na região serrana. Além de gerar renda e possibilitar a diversificação agrícola, a criação de abelhas, de pouco impacto ambiental, contribui para a sustentabilidade no campo.


Os irmãos Elmar e Delmir Littig já colhem os resultados do trabalho com apicultura. A família está na atividade há muitos anos, desde quando o avô trouxe, da Alemanha, caixas rudimentares para criação de abelhas. Ao longo do tempo foram aprimorando e profissionalizando a atividade.



“No início, o pessoal achava que a apicultura era hobby, ninguém acreditava. Hoje, é nossa principal atividade na propriedade, onde também cultivamos café, banana e tangerina ponkan. É de baixo impacto ambiental, pois não temos que mexer com defensivos, é produto 100% natural e gera mais renda ”, falou Elmar.


A família possui uma unidade de extração do mel, participa da Associação Centro Serrana de Apicultores (Apicis) desde 2001 e tem em torno de 350 colmeias que produzem 30 toneladas de mel por ano. A maior parte da produção vai para Santa Catarina e Paraná.


A extração do mel ocorre no período de janeiro a maio. Depois desse período, a família Littig leva as abelhas para polinizar o café conilon no norte do Estado. “As abelhas acompanham a florada do café conilon, pois elas polinizam essa planta. Nós temos ganhos com isso, pois o enxame sai fortalecido ”, explicou Elmar.


De acordo com o extensionista do Incaper Cesar Abel Kroling, o Instituto, em conjunto com a prefeitura local, tem apoiado a troca das colmeias para o norte do estado. “Como o café conilon é de polinização cruzada, depende da ação de insetos e do vento. Assim, as abelhas desempenham um papel muito importante ”, falou Cesar.


Ele também disse que, nos últimos dez anos, a apicultura cresceu muito no Vale de Boa Esperança, em Marechal Floriano, sobretudo porque há uma reserva de Mata Atlântica no entorno.

(*Com informações do Incaper).


Programa fortalece produção no Estado


Há aproximadamente cinco anos, Eliane Soares de Paula começou a ajudar o marido, o apicultor Francisco
Carlos Sarnaglia, no manejo de colmeias. Morador de Santa Teresa, na região serrana, o casal colhe, em três safras anuais, uma média de 9 toneladas de mel. Mais recentemente a apicultora passou a fazer cursos a fim de agregar valor à produção, passando a oferecer também outros produtos, como extrato de própolis, e se prepara para produzir sabonetes à base de mel.


Eliane e Francisco fazem parte da Associação dos Apicultores de Fundão (Fundamel), uma das nove entidades participantes do Programa Colmeias no Espírito Santo. Trata-se de uma iniciativa da Fibria que visa proporcionar alternativa de renda a partir do uso múltiplo dos plantios florestais da empresa. “A Fibria disponibiliza áreas com florestas de eucalipto para instalação de colmeias, viabiliza assistência técnica e orienta sobre produção e comercialização, por meio de consultorias especializadas ”, explica Giordano Automare, coordenador de Sustentabilidade da empresa.


Em 2016, a Fibria promoveu, em Aracruz e em São Mateus, no norte, o curso sobre Manipulação de Produtos da Apicultura (compostos e cosméticos), que contou com mais de 40 participantes. A apicultora Eliane Soares de Paula foi uma das participantes. O objetivo foi orientar os apicultores quanto à produção de compostos e cosméticos feitos à base de mel, agregando valor à produção.


O Colmeias é uma iniciativa da Fibria com o objetivo de
contribuir para o fortalecimento da atividade apícola, implantando novas tecnologias em conjunto com os apicultores, produtores rurais e assentados da agricultura familiar. Por meio do uso múltiplo das áreas florestais da empresa, o programa busca organizar de forma sustentável a cadeia produtiva do mel e proporcionar a melhoria na geração de renda e na qualidade de vida das comunidades envolvidas.


Os participantes são estimulados a se organizarem em associações, recebem orientação sobre planejamento, comercialização e técnicas de produção que contribuem para o aumento da produtividade.


Atualmente, o programa abrange 129 famílias, num total de 399 pessoas beneficiadas, nos municípios de Aracruz, Colatina, Fundão, Santa Maria de Jetibá, Domingos Martins, Conceição da Barra, São Mateus, Jaguaré e Viana. São 2.788 colmeias em produção em áreas da Fibria, líder mundial na produção de celulose de eucalipto.

(*Com informações da Fibria).

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