FairTrade completa oito anos na Cafesul
Com aumento de 89% da venda de Cafés especiais e certificados, em sete anos os cooperados comemoram os bons resultados e garantem que investir em qualidade foi o grande diferencial
por Redação Conexão Safra
em 21/06/2017 às 0h00
5 min de leitura
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Há 15 anos Leandro Poggian, da localidade de Palmeiras, em Mimoso do Sul, Sul do Espírito Santo é produtor rural. O ofício passado de pai para filho há três gerações é hoje a única fonte de renda da família. “Aqui tomamos conilon puro ”, conta com um sorriso no rosto. O motivo da alegria tem origem na qualidade do café que ele produz afinal seu produto obteve 86 pontos no primeiro concurso que participou há quatro anos. Hoje ele sustenta média de 83 pontos. Leandro não está sozinho. Ele e mais 142 produtores associados àCooperativa dos Cafeicultores do Sul do Estado do Espírito Santo &ndash, Cafesul estão rindo à toa. Devido a alta qualidade do café conillon produzido, os cooperados conseguem receber até 15% a mais do que o mercado paga em média pela saca do grão. Esse percentual é o resultado das certificações obtidas pela Cafesul e a mais antiga delas, a FairTrade completa oito anos em 2016 colhendo literalmente os frutos do trabalho realizado.
Desde que recebeu a certificação, a venda de Cafés especiais da Cafesul passou de 5.070 sacas de café em 2009(primeiro ano após a certificação) para 9.585 em 2016. Aumento de 89% em sete anos. O percentual é justificado pelo investimento feito tanto pela cooperativa com treinamentos, cursos, capacitações e visitas técnicas, entre outras ações, que incentivam o crescimento da produção, quanto pelos cooperados que aderiram à ideia de aumentar a qualidade do café. Leandro é um bom exemplo disso. Depois de orientado pela cooperativa, investiu em renovação de lavouras, adquiriu mudas de qualidade e adensou o plantio. Aonde antes havia 1.200 pés de café, hoje tem mais de três mil. “Minha produção triplicou. Hoje conseguimos produzir de 80 a 100 sacas por hectare ao ano ”, comemora. Para o presidente da cooperativa, Carlos Renato Theodoro, as certificações servem para dar garantia do produto que o consumidor leva pra casa. “O Fairtrade atesta que este café foi produzido atendendo uma série de condicionantes sociais e ambientais e que por isso ele está pagando um diferencial de preço. A aceitação tem sido incrível ”, explica.
Competindo com os grandes
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Outro ponto importante do selo FairTrade é que devido as ações necessárias para certificação, ele coloca os cooperados, na maioria pequenos produtores, em nível de igualdade com grandes, dando a eles representatividade. Hoje, o quadro de cooperados da Cafesul é composto por produtores de Muqui, Mimoso do Sul, Jerônimo Monteiro, Cachoeiro do Itapemirim, Atílio Vivácqua, Anchieta e Alegre, municípios que sozinhos não conseguiriam encarar a disputa com Brejetuba, Iúna e Muniz Freire, alguns dos maiores produtores da região Sul, por exemplo, mas unidos conseguem também vender sua produção para grandes empresas e até exportar. São pessoas como o produtor José Verly, de 61 anos, cooperado da Cafesul desde que se aposentou no Rio de Janeiro há oito anos e voltou para Muqui a fim de ter sua uma propriedade. “Peguei tudo que tinha e investi em oito hectares. Se não fosse minha associação à cooperativa não teria condições de competir de igual para igual com o mercado. Optei por ter qualidade à quantidade de produção. Hoje minha pontuação média é de 83. E pretendo melhorar ”, informa. Entre os investimentos, ele segue à risca as regras FairTrade e está fazendo barragens, poda programada, recuperando solo de parte da propriedade, não utiliza agrotóxicos proibidos e faz preservação de nascentes. “Vale a pena, pois hoje vivo disso aqui. Todo o esforço compensa, principalmente pelo valor pago a nós, maior que o de mercado ”, garante o produtor.
Qualidade que faz a diferença internacionalmente
Hoje a Cafesul possui três certificações: O FairTrade, propriamente dito, a Triple AAA, com a Nespresso e a 4C com a Nestlé. Todas elas permitem que a produção seja vendida para duas fábricas de solúvel, uma em São Paulo e outra no Paraná, também certificadas, e que depois exportam este solúvel para diversos países na Europa, Ásia e Estados Unidos. “Vendemos também para empresas exportadoras e para o mercado interno quando os negócios Fairtrade não absorvem todo o nosso café ”, diz o presidente da cooperativa, Carlos Renato. E a qualidade do café da cooperativa tem sido alta. Pelo menos é que o mostra o exigente mercado europeu. De acordo com o Gerente Operacional e Degustador, Talles da Silva de Souza a demanda para este ano foram de sete containers, mas devido a seca a cooperativa conseguiu enviar apenas um. “Foi triste não poder atender a demanda, mas isso nos deu o termômetro do negócio. O padrão internacional de qualidade é altíssimo, por isso temos certeza que estamos produzindo café de excelente nível aqui. A certificação FairTrade mudou toda estrutura da cooperativa para atender as exigências e hoje temos o reconhecimento pelo que investimos, não só dos cooperados, mas de todo mercado ”, finaliza Talles.
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