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Pesquisa MilkPoint aposta desafios dos custos de produção na pecuária leiteira

Desde o final de 2011, o MilkPoint pergunta aos seus leitores qual é o maior desafio para a produção leiteira no próximo ano...

por Redação Conexão Safra

em 05/02/2016 às 0h00

5 min de leitura

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Desde o final de 2011, o MilkPoint pergunta aos seus leitores qual é o maior desafio para a produção leiteira no próximo ano. A pesquisa é baseada em um trabalho realizado anualmente pela entidade Australian Dairy Farmers, que avalia a percepção dos produtores australianos a respeito dos principais desafios da atividade. A intenção é fazê-la a cada ano e avaliar as mudanças ao longo do tempo.

A pesquisa do MilkPoint deste ano foi realizada em janeiro, colhendo respostas de todas as regiões do Brasil, com a participação de produtores de leite, profissionais da área industrial, consultores, veterinários, zootecnistas e outros agentes atuantes no setor, oferecendo uma fotografia da percepção a respeito do que espera o setor neste ano de 2016.

O custo de produção segue, desde a primeira pesquisa, como o item de maior preocupação para o setor. E neste ano, não foi diferente, alcançando a maior porcentagem registrada de votos, com 73%. Na pesquisa do ano passado, o item teve 34% dos votos e em 2013, os custos de produção tiveram 59% dos votos, a maior porcentagem até então.

O ano de 2015 foi desafiador para todos os setores, inclusive o lácteo. A inflação atingiu 10,67% no ano passado (o maior desde 2002) e houve enfraquecimento da demanda pelos itens da cesta láctea. Também se notou incertezas nos planos econômicos e político e juros altos marcaram o ano, além de o dólar bater a casa dos R$ 4.

Nesta pesquisa, as opções importações de produtos lácteos e adequação ambiental não tiveram nenhum voto, diferente dos outros anos nos quais a pesquisa também foi realizada. Em 2015, ambas opções tiveram 2% dos votos.

O preço do leite ficou em segundo lugar, com 17% dos votos, queda quando comparado ao ano passado, que teve 20% dos votos. Em terceiro, clima, mão de obra e adequação da qualidade do leite empataram e cada tópico teve 3% dos votos, recuo comparado a pesquisa do ano passado, quando os itens foram a escolha de 20%, 6% e 7% dos participantes, respectivamente. Veja a votação dos itens por meio do gráfico abaixo:

Gráfico 1: Qual será o maior desafio para a produção leiteira em 2016? Fonte: MilkPoint.




Para entendermos a dinâmica do mercado e as expectativas para 2016, vale analisarmos detalhadamente o histórico e como a pesquisa repercutiu nos anos anteriores. O gráfico abaixo contribui na elucidação de alguns pontos, pois mostra a variação das respostas a partir dos “Desafios de 2012 ”.

Gráfico 2: Comparação “Desafios de 2012 a 2015 ”. Fonte: MilkPoint.





Os custos de produção continuaram sendo o principal desafio e houve um acréscimo de 39 pontos percentuais na comparação 2015×2016. Em 2015 o produtor de leite enfrentou um aumento considerável nos custos de produção, influenciado principalmente pelos preços da energia elétrica, combustível e mão de obra &ndash, além da valorização do dólar frente ao real, provocando perda do poder de compra do produtor de leite e gastos elevados na composição dos insumos utilizados na produção.

Com relação ao item “preços do leite ”, mesmo com o preço médio líquido de 2015 ter sido o menor dos últimos cinco anos, o desafio apresentou queda de três pontos percentuais com relação a pesquisa do ano anterior. Provavelmente os custos de produção incidiram tão negativamente na produção leiteira em 2015 que faz os produtores acreditarem que em 2016 eles continuarão sendo o item de maior peso para o setor.

Analisando as respostas por estratos de produção, nota-se que há algumas divergências entre os menores e maiores produtores. A tabela abaixo apresenta as respostas agrupadas dos produtores de leite pelos seus respectivos perfis de produção.

Tabela 1: Respostas dos produtores por estrato produtivo. Fonte: MilkPoint.



É perceptível, por meio da tabela, que os produtores de menor escala (até 500 litros/dia) apontaram uma variação maior de desafios (adequação da qualidade do leite, preço do leite, custos de produção, mão de obra e clima). Conforme a quantia de leite produzida foi aumentando, as escolhas foram afunilando e concentraram-se em menos opções. Apenas 5,9% dos produtores acima de 3.000 litros/dia apontaram outro desafio (mão de obra) a não ser os custos de produção e nenhum participante selecionou o preço do leite como desafio, provavelmente pela menor oscilação de preços nas faixas mais altas de produção e os bônus que incidem no volume produzido.

“Fica evidente que os custos de produção são de longe a maior preocupação dos produtores de leite neste ano. Isto remete à necessidade de sintonia fina e gestão eficiente para que o produtor se mantenha no azul. Chama a atenção o fato de que a mão de obra perdeu relevância, com somente 3% das indicações. Será já efeito da crise, em que a oferta de trabalhadores tende a aumentar em função do desemprego? Ou simplesmente os custos se tornaram tão relevantes que obscureceram os demais itens? Ainda, é interessante que, no ano passado, o item clima teve 20% das indicações, fruto certamente da seca que afetou o sudeste e o centro-oeste. Já neste ano, a variável perdeu relevância, a partir da normalização das chuvas ”, explica Marcelo P. Carvalho, coordenador do MilkPoint.

Participaram da pesquisa deste ano 107 pessoas, originários de 17 estados do Brasil.

Fonte: Milk Point


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